domingo, 27 de abril de 2008

Like americans do

Estou nos EUA, e como aqui comer bem não é um dos esportes favoritos, quando venho eu costumo colocar o pé na jaca mesmo.

Uma das “iguarias” mais trash que há por aqui são os chamados Beef Jerky. Uma espécie de carne desidratada fortemente temperada que eles comem como salgadinho. Segundo os adeptos desse esporte radical, acompanha bem cerveja e refrigerante.
Bom, se não pode vencê-los, que diga Sadam Hussein, junte-se a eles. Passei num mercadinho aqui perto do hotel, claro que fui atendido por um árabe, e troquei meus cinco dólares em moeda por 113 gramas de “Oh Boy! Oberto Natural Style Beef Jerky” e uma Cherry Coke 600 ml.

Não estou tentando me matar rapidamente e sem dor, mesmo porque com certeza isso deverá ser bastante complicado de digerir, mas admito que não é tão ruim. Para falar a verdade até que gostei, vou aproveitar que tem uma corridinha da Nascar e descer para comprar um pack de Budweiser .

Mais uma semana aqui eu compro um boné dos “Magics”, uma camiseta falando mal da sogra (que Deus a tenha) e começo a fazer churrasco de hambúrguer de soja.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

O Mito do Cachorro 2

Como disse no post anterior, minha historia gastronômica com cachorros apenas começou em 1994, na Tailândia. Oito anos mais tarde, fui trabalhar para uma empresa de bebidas patrocinadora da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de futebol.

Meses antes do embarque o grande assunto culinário do momento relacionado à copa do Mundo era que na Coréia é muito comum comer carne de cachorro. Foi ai que surgiu em todos um grande medo de provar a “iguaria” , sem querer.

No primeiro dia em Ulsan, cidade industrial berço de um dos maiores conglomerados empresariais do mundo, fui com meu amigo e colega de trabalho Nilton fazer um lanchinho no Mc Donald´s localizado em uma simpática praça na frente do hotel (depois fomos saber que a parte de trás do hotel era bem mais animada).

Chegando lá tinha um lançamento de um novo lanche. Resolvemos provar, apesar dele não ser muito adepto das minhas experiências gastronômicas, sempre provando o Spaghetti Alla Carbonara de cada lugar que visitamos. Comeu, gostou e quis saber do que era feito. Perguntei para o atendente que com bastante dificuldade me explicou que se tratava de um hambúrguer de camarão. Não tive dúvida e convenci o meu parceiro Niltinho que tinha comido cachorro.

Para ele não agredir o atendente, e quem o conhece sabe do que estou falando, logo expliquei que era brincadeira. Ele até hoje não sabe se menti no começo ou no final, para evitar uma tragédia. O certo é que depois disso, sua alimentação foi a base do bom e velho Spaghetti Alla Carbonara ou de um sem graça peixe frito com arroz empapado.

O mito do cachorro

Esse é talvez o mais polêmico item da lista de quem tem que viajar pelo mundo e provar comidas que podem dar nojo até mesmo nas pessoas mais fortes. Confesso que nojo de comida não é muito o que costuma acontecer comigo. Eu provo de tudo, claro que tem coisa que eu não gosto e não como mais, mas não deixo de provar alguma coisa simplesmente porque nunca ouvi falar.

Minha história com cachorro começou em 1994 durante uma viagem pela Tailândia. Foram trinta dias viajando por todo País como produtor de uma série de reportagens para o Aqui Agora, do SBT. Como estávamos a convite do governo local, eles em cada escala da viagem nos levavam para festas e restaurantes típicos.

Em num desses, em Chang Hai, foi servida uma espécie de sopa, com folhas verdes e uma carne desfiada dentro. Tudo nos apresentado como grande iguaria, assim como costumamos fazer com o pobre gringo que desembarca aqui e vai comer uma feijoada tradicional e encher a cara de uma aguardente com limão e açúcar. Comi, confesso que não achei nada demais, mas estava bom e digno. Ai perguntei o que era aquilo e nosso tradutor com um largo sorriso disse “Dog”. Sim, fui para essa viagem quase que por acidente, apenas porque falo inglês e o guia tailandês obviamente não falava português. E pensei: Legal, como vou falar para nosso cinegrafista e repórter que estamos comendo cachorro? Não foi preciso, com minha cara de pânico da reação dos meus pares, o bom tradutor soltou outro Dog, desta vez acompanhado de um “Perro”. Nosso cinegrafista, acostumado com coberturas latinas, sacou na hora e descobriu que tinha comido um bom cachorro e gostado bastante.

Segue uma deliciosa receita de ensopado de cachorro retirada do blog Remonstrante:

Ingredientes
3 quilos de carne de cachorro.
1 copo de vinagre
6 colheres de sal
50 gramas de pimenta do reino, moído grosso
3 copos de molho de tomate (OPCIONAL: 3 tomates cortados em cubos, para enriquecer o ensopado)
4 cebolas grandes picadas
2 litros e meio de água (mais se você deseja um caldo mais leve, menos se mais grosso.)
4 cenouras cortadas em rodelas
3 batatas cozidas cortadas em quartos
2 cabeças de alho moído
meio abacaxi cortado em cubos
1 ½ tablete knorr de fígado bovino
Molho Tabasco a vontade (pra mim, quanto mais, melhor!)

Modo de preparo
Estando morto o cão, queime-o com fogo para tirar o pêlo, e enquanto ele ainda estiver quente comece a desmembrá-lo e descascar sua pele (uma boa faca e algumas dicas de qualquer açougueiro e você estará pronto. Corte a carne de sua preferência (a minha sendo as ancas posteriores) em cubos de 2 a 3 centímetros. Deixe a carne marinar numa mistura de vinagre, pimenta do reino, sal e alho por duas horas.
Frite a carne numa grande panela junto com as cebolas, e vá adicionando as cebolas, as cenouras e os pimentões (agora seria um bom momento para colocar os tomates - ah, esqueçam o opcional lá em cima e coloquem mesmo tomates, ficará um primor). Por último, ponha os pedacinhos de abacaxi para garantir aquele exótico sabor tropical que todo mundo ama. Misture até tudo estar dourado e emanando um cheiro celestial.
Adicione então o molho de tomate, a água fervente e o knorr de fígado, comece a misturar, e quando toda a panela começar a ferver, cubra-a, baixe o fogo, e deixe o cozinhar por mais uns quinze minutos. Destampe, tempere a gosto com tabasco, ou qualquer outro tempero de sua preferência, e sirva com arroz (de preferência integral, mas branco também serve.)